fora de campo 2007

 

Este vídeo parte da experiência de entregar dança contemporânea em locais onde ela não é esperada, procurando espaços despercebidos, brechas no cotidiano. Busca-se a reconstrução desse acontecimento por meio do olhar daqueles que o vivenciaram, mergulhando no que persiste em cada um após a passagem desse corpo em movimento.

O resgate do ponto de vista do observador torna presente a obra que permanece no fora de campo.

Argumento baseado na performance dança contemporânea em domicílio, de Cláudia Müller.

não encontro a saída 2009

O olho não é mais o mesmo depois da fotografia e do cinema.
Walter Benjamin

 

Esta videoinstalação investiga as frágeis fronteiras realidade/ficção, presença/ausência.

Sublinhando a idéia de que ver é sempre ver de algum lugar, uma câmera oferece ao público um testemunho de uma performance já ocorrida. Suas imagens são recortes, possíveis enquadramentos através dos quais o público reconstruirá o evento. Mas o que esta testemunha revela? O que omite?

não encontro a saída parte da idéia de que a imagem fixa um desaparecimento, algo que já passou. Mas não há uma única versão possível dos fatos. O passado é o modo como ele é visto agora.

help! i need somebody 2013

help! i need somebody é um convite para o encontro, trazendo o foco para o coletivo temporário formado quando um número de pessoas configura o chamado público. Uma pessoa no escuro de uma plateia é a primeira imagem que surge quando se pensa, tradicionalmente, no espectador. Quais as implicações de retirar o público do lugar de invisibilidade?

help! é uma criação povoada, um convite para juntos “perdermos tempo” (no melhor sentido desta expressão) com a produção de uma economia onde tempo não seja sinônimo de utilidade ou dinheiro, mas o entrelaçar de experiências (científicas ou não!).

precisa-se público 2014

precisa-se público é uma ação que busca instaurar um lugar de potência para a reflexão crítica dos espectadores, remexendo a hierarquia frequentemente definida pelo discurso especializado: quem fala, quem pode falar, quem é autorizado a escrever com e sobre trabalhos artísticos.

Convidamos os espectadores a assumir a posição de críticos, articulando e dando visibilidade a seus pensamentos em palavras ou imagens. Pensar o público como testemunha, como aquele que permite que o fazer do artista ganhe existência, parece urgente.

Este projeto lança um convite ao público e ao mesmo tempo devolve uma pergunta para os próprios artistas, curadores e instituição: Somos capazes de criar relações e não apenas invocar espectadores como forma de alimentarmos a nós mesmos?

 site do projeto

isso não é um espetáculo2013

isso não é um espetáculo é uma palestra, uma performance, uma peça, um jogo, uma coreografia, um trabalho, um produto híbrido que não cabe em uma única categorização. Ao negar sua intrínseca condição de espetáculo, questiona seu formato de apresentação, lançando ao espectador interrogações sobre o circuito de arte, envolvendo embalagem, assinatura e mecanismos de troca de um produto artístico.

Este trabalho, resultado de um questionamento dos modos de produção recorrentes em dança e às formatações já prescritas, é atualizado a cada nova apresentação de acordo com o contexto no qual se insere. É também atualizado entre as artistas no próprio momento da performance, uma vez que é baseado em uma estrutura de jogo que propõe zonas de instabilidade na intenção de evitar sua formatação em um produto final, fixo e imutável. Embora esta estrutura de jogo siga um conjunto de regras que se repetem em todas apresentações, cada apresentação é um constante novo jogo a partir das regras – um acontecimento que se atualiza no momento e as possibilidades são recriadas, questionadas e recombinadas.

isso não é um espetáculo é resultado de uma residência artística desenvolvida por Cláudia Müller e Clarissa Sacchelli e apoiada pelo programa Rumos Dança 2012-2014. A pesquisa proposta por esta residência fundou-se em práticas artísticas baseadas em experimentações e ideias de fracasso, dúvida, “não-saber”, “não-eficiência”, “não-finalidade” e improdutividade.